quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ano novo, vida nova, como dizem às más línguas...

As pessoas que inventaram essa coisa de dividir o tempo em anos são realmente uns gênios [ou gênias] safados...Algum autor famoso já disse isso, algo sobre cristalizar a esperança, dar um descanso pra revolta e reacender a esperança que todo mundo tem de fazer as coisas melhores, de ser [e fazer] pessoas melhores e toda essa pataquada que enche os livros de auto-ajuda e pseudo-literaturas feitas por pseudo-intelectuais de porta de boteco.

Como todos os anos, esse começa frenéticamente na praia, passando perrengue, vendo coisas inimagináveis e fazendo outras tão horríveis quanto...

A praia, ahhh o que é a praia senão uma sessão terror. Vemos tiozões, meninos catarrentos, bebês histéricos, todos competindo pra vem quem é mais triste ou mais produtor de secreções...Temos as "gostosonas" querendo apenas mais um pouco de massagem em seus egos já super inflados, temos os "bombados", pessoas que tem über [sei lá o que significa isso, mas parece legal foneticamente] tempo livre para poder malhar infinitamente seus corpos na cidade e ainda tem a cara de pau de fazer o mesmo na praia, apenas para fazer a pose do garoto saudável... Temos adolescentes idiotas e jovens [mais] idiotas ainda esperando a "próxima vítima" de suas aventura na paquera, jovens perdidos sentimental e sexualmente achando que quantidade irá algum dia se equiparar à qualidade, aliás, com o que se entende como qualidade hoje em dia é perfeitamente  plausível confundir as duas coisas, diga-de se passagem. Temos os clássicos bebuns [e esse ano me incluí dentre eles] que se afogam em álcool para poder ou fugir de suas tristezas e devaneios, ou para poder criar coragem de chegar naquela garota super gostosa, porém idiota, que acompanhou a todos na viagem [particularmente me encaixo na primeira opção!], esses bebuns são tão caras de pau que chegam a cometer o absurdo de roubar até a pinga das oferendas [e valeu Iemanjá, a sidra estava com o sabor dos deuses!!]. Mas eles pelo menos são os que mais se divertem nessa pataquada toda, além é claro, dos bons e velhos porcos, pessoas sem o mínimo de educação [ou respeito, ou consciência ou qualquer porra dessas!] que saem por aí achando que praia é extensão do seu quintal, jogando lixo por todo canto, desde papel de bala até fralda descartável...E que espetáculo inenarrável é, ao dar um pequeno mergulho nas águas "límpidas" de uma praia do litoral sul qualquer e dar de cara com um pequeno pacote de um pequeno baby que não consegue segurar ou mesmo controlar seu esfíncter, fico absolutamente sem palavras ao constatar que as mesmas pessoas que fazem isso na maior cara de pau são as mesmas que reclamam o tempo todo de a praia ser um lixão, de só ter lixo espalhado e outros despropérios do tipo...

E falar sobre os fogos de artifício? Que espetáculo interessante, um bando de gente fazendo festa apenas por uma porra de dia ter passado, gastando fortunas que poderiam sim ser mais bem empregadas [mas quem é que se lembra que o mundo tá uma bosta nessa hora, todo mundo quer saber de festa, até quem está na merda!] é verdade, mas que são sumariamente jogadas fora na lata do lixo apenas por alguns minutos de catarse coletiva ante às explosões magníficas provocadas pela mistura de pólvora e corante. Isso sem falar nas competições [ah, sim o que seria de nosso mundo capitalista inumano sem uma competiçãozinha pra acalentar os ânimos hein?], ou seja, que queima de fogos dura mais, qual show terá mais turistas, quantos assaltos terão no show da cidade vizinha, quantos partos terão na praia no show dos Rolling stones, será que a Beyoncé vem mesmo rebolar a jaca enorme na virada de Copacabana? Ó, quantas perguntas meu deus...

Depois vem o período de descanso, o famoso feriado do dia 1°, sinônimo de subir a serra com um trânsito desgraçado, pessoas vendendo toda sorte de guloseimas na boca da estrada, mal educados jogando lixo pra todo lugar e você pagando fortunas por salgados engordurados com gosto de merda, já que nem a porra da gordura trans se pode comer mais sossegadamente e garantir um infarto aos 45 anos. É realmente um espetáculo digno de pena, pra não dizer outra coisa...Quando finalmente retornamos a nossa querida [e cheia] megalópole, já damos de cara com os pequenos problemas da mesma, metrô super lotado, todo mundo suado e fedendo por causa da subida da serra no calor de 35°, cansado por ter que carregar todos os itens da farofada além das malas e das lembrancinhas dos índios compradas na estrada por R$5. Todos apertados dentro do vagão, naquela sinfonia de futum, uma coisa realmente digna de deuses e deusas...

Ao chegar em casa, vemos toda aquela maravilha...Conta de luz, conta de água, conta de telefone, imposto disso, imposto daquilo, imposto de outro, taxa de luz, de lixo, de segurança pública, de tudo aquilo que você imagina e você apenas se lembrando que não se deu conta de tudo isso quando pagou R$7 em uma cerveja lá no quiosque da praia e que não ficou só em uma ou duas afinal de contas... Começa o sacrifício de limpar a casa, que está uma zona, a dor de cabeça, o cansaço, as crianças [quando tem] gritando que estão com fome, os parentes chatos que insistem em não ir para suas próprias casas e você rezando para todos os deuses e deusas pra não chegar um vizinho chato para perguntar como foi a viagem...

Eu poderia continuar aqui destilando um veneno que todo mundo pode achar amargo demais [e pode ser mesmo, quem se importa?] e falar mais 250 mil facetas horrorosas de final de ano [isso porque só falei do ano novo, imagina se eu pegar o natal, que é a piada mais sem graça do ano], mas não...É melhor deixar as pessoas na vã ilusão de que isso é que é o descanso merecido após se foderem um ano pra pagar conta, aguentar patrão chato no ouvido, nota ruim de filho na escola, namorada chata dando chilique de ciúme, amigos bêbados e outras coisas super agradáveis...

É isso aí, vocês estão certinhos...Errado sou eu que quero ver a vida mais racionalmente...

^^

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